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Ana Costa Ana Costa
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Sou Mãe, Mulher, trabalho, e no meio disto tudo temos sempre tendência a esquecermo-nos de nós. Não o fazemos voluntáriamente, mas como Eu há tantas outras Mulheres na mesma posição. Somos Mãe e Pai e acabamos por nos esquecer de nós, os filhos surgem sempre em primeiro plano, afinal é para eles que vivemos e trabalhamos para lhes darmos o melhor que pudermos, e esquecemo-nos completamente de viver uma vida nossa, sair, jantar fora e estar mais tempo com os Amigos. Faz toda a diferença, para que consigamos levar as coisas para a frente, temos de nos dár mais e conhecer novas pessoas, assim me diz a minha Psiquiatra.
A verdade, é que numa profissão como a minha, as folgas(48H) acabam por ser dedicadas à familia, e lá se vai a Vida própria, raramente podemos estar presentes em reuniões/jantares de amigos, muitas das datas importantes acabam por nos passar ao lado porque não estamos, e nem sempre nos concedem folgas quando pedidas.
Em 9 anos de maternidade, foram poucas as vezes que consegui ficar fora de casa depois da 1 da manhã, e no dia seguinte já estava perto do meu filho, a opção de ser mãe foi minha, e sou eu a responsável por ele, levá-lo ao colegio faz parte da minha condição.
Tudo somado, há um momento em que quebramos, e foi isso mesmo que me aconteceu.
Durante estes quase 9 meses, o facto de ocupar a cabeça com outras actividades confesso que me ajudou bastante, por momentos conseguia abstrair-me realmente da minha profissão.
Nos primeiros 5 meses, passar junto do aeroporto era insuportável, começava logo com espasmos abdominais e a hiperventilar, um tormeto.
Foram muitas as vezes em que a Psiquiatra me perguntou se estava com vontade de voltar, e eu fui perentória "Não".
Confesso que em muitos momentos tive vontade de apresentar a demissão, cansada da rotina e do sistema implementado, mas...
Mas, porque não começar de novo, porque temos sempre tanto medo de arriscar, porque é que havemos de viver prisioneiros de um sistema com o qual deixamos de nos identificar???
São tantas as dúvidas, mas uma coisa é cada vez mais clara.
A Família para mim vem em primeiro plano, o Meu Filho e os Meus Pais. Quero estar presente nos momentos importantes do seu crescimento e nas suas vitórias e nas suas quedas, quero poder sentar-me e falar com ele todos os dias, jantar e deitá-lo, quero aproveitar ao máximo os meus pais na doença e no tempo que ainda nos fazem cmpanhia, por mim seriam eternos, mas todos sabemos que não é assim. Por tudo isto penso muito, não consigo desligar o circuito e dormir, não fosse a medicação e não pregaria olho, e não é isto que quero. Não quero ser escrava de medicação para o resto da minha vida.
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