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Anna Costa St

Licenciada, mãe de um menino, formação em Fashion Industry/Consultoria de Imagem, aqui deixarei sugestões de Moda e falarei de outros temas que estão presentes nos nossos dias. Lifestyle, Clean the Closet entre outros...

Anna Costa St

Licenciada, mãe de um menino, formação em Fashion Industry/Consultoria de Imagem, aqui deixarei sugestões de Moda e falarei de outros temas que estão presentes nos nossos dias. Lifestyle, Clean the Closet entre outros...

30.08.19

...BurnouT...


Ana Costa Ana Costa

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Sou Mãe, Mulher, trabalho, e no meio disto tudo temos sempre tendência a esquecermo-nos de nós. Não o fazemos voluntáriamente, mas como Eu há tantas outras Mulheres na mesma posição. Somos Mãe e Pai e acabamos por nos esquecer de nós, os filhos surgem sempre em primeiro plano, afinal é para eles que vivemos e trabalhamos para lhes darmos o melhor que pudermos, e esquecemo-nos completamente de viver uma vida nossa, sair, jantar fora e estar mais tempo com os Amigos. Faz toda a diferença, para que consigamos levar as coisas para a frente, temos de nos dár mais e conhecer novas pessoas, assim me diz a minha Psiquiatra.

A verdade, é que numa profissão como a minha, as folgas(48H) acabam por ser dedicadas à familia, e lá se vai a Vida própria, raramente podemos estar presentes em reuniões/jantares de amigos, muitas das datas importantes acabam por nos passar ao lado porque não estamos, e nem sempre nos concedem folgas quando pedidas.

Em 9 anos de maternidade, foram poucas as vezes que consegui ficar fora de casa depois da 1 da manhã, e no dia seguinte já estava perto do meu filho, a opção de ser mãe foi minha, e sou eu a responsável por ele, levá-lo ao colegio faz parte da minha condição.

Tudo somado, há um momento em que quebramos, e foi isso mesmo que me aconteceu.

Durante estes quase 9 meses, o facto de ocupar a cabeça com outras actividades confesso que me ajudou bastante, por momentos conseguia abstrair-me realmente da minha profissão. 

Nos primeiros 5 meses, passar junto do aeroporto era insuportável, começava logo com espasmos abdominais e a hiperventilar, um tormeto.

Foram muitas as vezes em que a Psiquiatra me perguntou se estava com vontade de voltar, e eu fui perentória "Não".

Confesso que em muitos momentos tive vontade de apresentar a demissão, cansada da rotina e do sistema implementado, mas...

Mas, porque não começar de novo, porque temos sempre tanto medo de arriscar, porque é que havemos de viver prisioneiros de um sistema com o qual deixamos de nos identificar???

São tantas as dúvidas, mas uma coisa é cada vez mais clara.

A Família para mim vem em primeiro plano, o Meu Filho e os Meus Pais. Quero estar presente nos momentos importantes do seu crescimento e nas suas vitórias e nas suas quedas, quero poder sentar-me e falar com ele todos os dias, jantar e deitá-lo, quero aproveitar ao máximo os meus pais na doença e no tempo que ainda nos fazem cmpanhia, por mim seriam eternos, mas todos sabemos que não é assim. Por tudo isto penso muito, não consigo desligar o circuito e dormir, não fosse a medicação e não pregaria olho, e não é isto que quero. Não quero ser escrava de medicação para o resto da minha vida.

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29.08.19

...BurnouT


Ana Costa Ana Costa

O tempo foi passando...

Nem todos os amigos e amigas sabiam exactamente porque razão não estava a trabalhar, muitos até nem se aperceberam, também porque muitos estão ligados à mesma área e numa empresa tão grande as coisas acabam por passar ao lado.

Fui ocupando o meu tempo entre ajudar uma amiga a iniciar uma nova etapa da vida dela, e entre trabalhos de Styling, formação que completei em 2018.

As consultas de psiquiatria/psicoterapia, acompanhavam-me todas as semanas, esse era o meu dia alto. Nesse dia não estava para ninguém. Depois da nossa conversa, sentia-me esgotada só queria ficar calada e interiorizar tudo.

Pelo meio, existe toda uma família, uns Pais fabulosos que me apoiaram em todos os momentos, mas que até com eles foi difícil assumir o que se passava. Talvez porque não lhes quisesse passar a preocupação comigo, uma vez que na idade deles já acarretam com as doenças de uma vida toda.

Em Março e por iniciativa própria, sim porque da parte da Empresa sinto que tenho tido apoio "zero", fui à UCS, a unidade de cuidados de Saúde que nos serve na empresa, e fui conversar com a médica com quem sinto mais afinidade e de certo modo sinto que nos escuta mais e mais sensível a estes sintomas de uma profissão como esta.

Confesso que o entrar lá passados 4 meses de baixa médica e saber que me podia cruzar com colegas, que as perguntas surgissem e que não me sentia ainda confortável para falar da doença, me custou muito. Entrei a olhar para o chão, e acho que não olhei de frente para ninguém, não me sentia confortável. Mesmo a médica me questionou, porque razão não tinha pedido ajuda directamente na UCS, mas como lhe disse "para me receitarem indutores de sono e baixa de 3 dias...não era a solução".

Ouviu-me e percebeu perfeitamente tudo o que lhe contei, ficou do meu lado e disponibilizou-se para o que fosse preciso, mas disse-me logo, para primeiro cuidar de mim e só depois então pensar em regressar, porque acima de tudo para as empresas somos apenas "números" e devemos sempre colocar-nos em primeiro plano pela nossa família, o resto depois logo se vê.

É este tipo de apoio médico que todos merecemos, alguém que nos oiça sem que pense em nós como máquinas. No entanto para a SS estamos sempre aptos, quer consigamos dormir ou não, "dorme durante o dia para recuperar" como me foi dito, "está há 124 dias sem trabalhar, tem de retomar a sua actividade profissional" sem se quer se preocuparem se a medicação é impeditiva do voo, não podemos é dar despesa.

Enfim...

O tempo foi passando e cheguei aos 44 anos em Maio.

Como não tinho comemorado os meus 40, resolvido fazê-lo agora.

Reuni os meus amigos mais próximos e aqueles que sei que estão sempre diponíveis para mim nem que seja para me ouvirem berrar e fui comemorar. Nesse dia, e muitos dos que falavam comigo durante este período não sabiam o que se estava a passar, e nesse dia souberam.

Porquê? Porque sou assim, raramente falo de assuntos mais Meus. Considero-me uma óptima ouvinte e conselheira para os meus amigos e familiares, mas falar de mim ás vezes custa muito.

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28.08.19

BurnouT


Ana Costa Ana Costa

A doença silenciosa que nos consome.

Não apresenta sinais exteriores aparentes, mas por dentro conduz-nos ao precipício.

Pouco se fala, talvez porque a recuperação passa por acompanhamento Psiquiátrico, e infelizmente nos dias de hoje ainda são vistas com maus olhos as pessoas que recorrem a estes profissionais.

Os sintomas aparecem silenciosamente, o desgaste apodera-se de nós de tal forma que acabamos por atribuir sempre a cansaço sem causa. Mas há um dia em que se torna insuportável.

No Meu caso, foi a irritabilidade, o distúrbio do sono e a dormência dos membros superiores que me deram os maiores sinais de alerta. O meu filho de 9 anos já me dizia que eu não falava só berrava. Dormir era ver as horas passarem por mim e eu a dar voltas na cama, mas o deixar de ter sensibilidade nos braços, foi o que me levou a pedir ajuda.

17 de Dezembro de 2018

Estive quase uma hora a chorar sentada em frente à médica da USF sem explicação. As palavras custavam a sair, chorava como um bébé. Mesmo com poucas palavras a médica não teve dúvidas, era obrigatório parar pelo tempo que fosse necessário. Com uma profissão de responsabilidade, o meu maior receio era o de cair no erro, e assim colocar em risco a vida dos que trabalham comigo e consequentemente os passageiros que transportamos diáriamente. Não há que ter receio de admitir, é difícil, mas faz parte reconhecer quando precisamos de ajuda.

Saí do consultório com uma receita de ansiólipticos e antidepressivos, de tal forma fortes, que durante os primeiros meses, até que o meu organismo se habituasse, quase tudo o que me era dito, não era entendido, verdadeiramente de "corpo presente, mas de alma ausente".

Cada pequeno trajecto por pequeno que fosse, tinha de ser de GPS, ou corria o risco de nunca ir onde realmente queria.

Por iniciativa, procurei uma Psiquiatra que me acompanha desde Dezembro até hoje, semanalmente. Com ela consegui exteriorizar quase tudo o que me levou a este lugar. Falar com uma pessoa que não nos conhece e que nunca nos vai julgar da mesma forma, que quem nos conhece eventualmente o possa fazer, faz toda a diferença. 

Curioso é que este não foi o primeiro episódio de distúrbio de sono que sofri, mas da vez anterior, o médico achou que 3 dias em casa de baixa médica a tomar um indutor de sono era suficiente, mas não, em pouco menos de 4 meses, a escalada foi outra.

O relatório da Psiquiatra foi inquestionável, Depresssão Ansiosa Grave/Burnout.

E assim tem sido esta caminhada nos últimos meses. Sem trabalhar, de baixa médica desde a altura, já conto com 3 juntas médicas na SS em que 3 pares de médicas acham que estou capaz de desempenhar as minhas funções profissionais recorrendo à ajuda dos colegas, mesmo com a apresentação de atestados dos médicos que me acompanham comprovarem precisamente o contrário.

Há dias melhores e dias menos bons, mas com a ajuda dos Amigos e Suporte Familiar lá temos "indo".

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